data-filename="retriever" style="width: 100%;">O Brasil e seu povo, navegantes incautos das marés midiáticas e aderentes submissos aos ventos dos modismos internacionais ao ponto de irrefletidamente terem suscetíveis os rumos das naus financeiras e de seus costumes em geral, constantemente alterados conforme a torção dos lemes por capitães ou comodoros alheios, está estupefato diante do corona.
Tanto, que aterrorizados pela imagem televisiva, ou mesmo pessoal, de gentes utilizando máscaras na tentativa de obstar ou dirimir eventual contágio que, verdade seja dita, pode, sim, tornar-se incontrolável e funesto, o que torna a cautela uma postura imperativa.
Mas, e quais as razões de não terem, o país e sua população, o mesmo temor em razão de outras incidências virulentas que não tão distantes ainda, mas cotidianamente ganhando espaços, corpos, mentes e organismos em velocidade e prejudicialidade, senão mais letais, mais palpáveis a quem aqui vive?
Há, em tudo, epidemia alastrada pelo território nacional, sequer nominada ou imputada a algum agente patológico identificado, sem qualquer controle. Me refiro a esta que, mesmo inominada, apresenta os sintomas asquerosos da verborragia, achaque, ofensa, achismo e ódio desmedido. Tanto e tamanhos que em grau de "óbvio e ululante", parafraseando Nelson Rodrigues.
Notem que ela, a epidemia, se manifestava, se pensava, tão somente em oportunidades eleitorais e, aos mais desavisados, não requereria muita atenção em função de sua incidência restrita a períodos e a grupos de pessoas, então, os mais diretamente envolvidos, no caso, candidatos, correligionários, partidos e um que outro defensor desta ou daquela matiz ideológica ou partidária.
No entanto, como se vê, seu alto poder de contágio se materializou no alcance de tudo e de todos, ou, como queiram, fez a qualquer um vulnerável. Quando não se manifesta no "odiante", atine ao odiando.
Para exemplificar somente, há famosos mil já vitimados pela sintomatologia indigitada, sucumbentes às ofensas. Citei dia desses a Regina e, agora, posso trazer o Dráuzio.
Vejam: um ato, uma palavra ou mesmo a centelha de deixar de agir como o esperado pelo padrão de decência e correção pela massa infectada faz vítima o que vulgarmente pode, inclusive, ser técnica, medica e cientificamente designada como a bola da vez (sim, aqui no império do futebol, isto pode ser qualificado como termos científico).
O sangue nos olhos, o veneno na língua podem até evoluir sintomaticamente para o destempero mental e a incontinência física externada pela agressão se houver oportunidade a, por sua vez, evidenciar não a falência múltipla dos órgãos, mas somente do principal, logo o cérebro.
A dita epidemia potencialmente acomete e ataca a qualquer um, estando todos vulneráveis, não se engane. Tampouco facilite...
É inútil lavar as mãos ou as tê-las limpas por toda uma vida. Não imagine que a intenção boa é garantia de imunidade, pois a evolução do agente patológico, propiciada pela incapacidade de interpretação de texto o fez incólume a isto.
E o pior: esqueça proteção de máscaras. Neste caso, elas só servem para dar ainda mais força à doença, sobremaneira as do tipo de redes sociais e hipocrisia.
A única esperança medicamentosa é o debate franco, aberto e racional. Pena que o remédio está em falta nas melhores farmácias e drogarias.